Trabalhos manuais

O capitalismo de livre mercado da última fase do século 20 incentivou a produção em massa. Para atender à demanda do hemisfério norte, os bens são geralmente fabricados no hemisfério sul por um custo mais baixo e sob condições de trabalho exploradoras, como ilustra a fotografia da fábrica de têxteis da Coleção de Fotografias Landon Rupert Chambers. O resultado é que os produtos passam facilmente pelas fronteiras transnacionais enquanto que as pessoas em busca de melhores oportunidades ficam restritas a seus padrões migratórios.

As obras desta seção homenageiam o trabalho feito com as mãos. Como salienta Ruth Phillips, “a costura, as contas e os bordados se tornaram maneiras importantes de perpetuar a vitalidade de culturas visuais que de outra forma poderiam ter desaparecido” (1998: 198). O trabalho manual é um veículo para a manutenção de aspectos locais de identidade, demonstrando a resiliência e perseverança de uma cultura. Pesquisas recentes têm vinculado o trabalho manual a vários tipos de cura e reconciliação. Um exemplo é o papel desempenhado pelo trabalho manual no nível macro com comunidades indígenas no Canadá que finalmente podem compartilhar suas histórias com a Comissão da Verdade e Reconciliação por meio do Living Healing Quilt Project (Costura de colchas para recuperação e vida). A utilidade do trabalho manual também é comprovadamente útil para indivíduos vivendo com a síndrome do estresse pós-traumático e ansiedade.

"My Mother Pieced Quilts” (1976) (A colcha de retalhos da minha mãe), de Teresa Palomo Acosta, é uma reflexão sobre a relação mãe-filha contada por meio de colchas feitas à mão que uma mãe usava para cobrir sua filha nas noites frias de inverno. Cada retalho evoca uma memória, ampliando a técnica do quilting de uma tarefa prática para um trabalho unificador de famílias.

Além disso, o trabalho bordadeiro exibido em Colección Bordadoras de Memorias (1980s), do Museu da Palavra e Imagem (MUPI, em El Salvador), entidade parceira pós-custodial, usa materiais fabricados à mão para contar as histórias das violações de direitos humanos. Alinhavados por mulheres para as Nações Unidas para recontar suas vidas em campos de refugiados, essas histórias reimaginam sociedades melhores fundadas em igualdade e justiça. A visão de um mundo sem a violência e as violações que abrem um caminho para elas obterem asilo político faz com que essas mulheres se sintam um passo mais perto de conseguir seu objetivo.

Fiandeira (sem data), de Marcelo Soares, visualiza um tipo semelhante de trabalho manual, enquanto que as ilustrações arqueológicas (sem data) de Terence Grieder nos fazem entender o trabalho cerâmico como marcador diferenciado de estilo em sociedades indígenas diversas.